Novena meditada de Santo Afonso Maria de Ligório.
Reple tuórum corda fidélium:
Et tui amóris in eis ignem accénde.
OITAVO DIA
O AMOR É UM VÍNCULO
Super omnia autem caritatem habete, quod est vinculum perfectionis — “Acima de tudo, tende a caridade, que é o vínculo da perfeição” (CI 3, 14)
Sumário. Antes da vinda de Jesus Cristo, os homens afastavam-se de Deus, e aferrados à terra, recusavam unir-se ao seu Criador. Mas nosso amável Senhor enviou-nos o Espírito Santo, a fim de que, assim como Ele é o vínculo indissolúvel que une o Pai ao Verbo Eterno, assim una nossas almas a Deus pelo amor. Procuremos, pois, estar fortemente ligados por este vínculo de perfeição, e não correremos mais risco de nos afastar de Deus. Antes de tudo, porém, é necessário que livremos nosso coração de todos os laços que o prendem ao mundo.
I. ASSIM COMO o Espírito Santo, amor incriado, é o laço indissolúvel que une o Pai e o Verbo Eterno, assim é este mesmo Espírito que une nossas almas a Deus. A caridade, diz Santo Agostinho, é uma virtude que nos une a Deus: Caritas est virtus coniungens nos Deo. Daí este grito de alegria de São Lourenço Justiniano: “Ó Amor, tu és então um vínculo de tal maneira forte, que pudeste encadear um Deus e uni-Lo a nossas almas!” — O caritas, quam magnum est vinculum tuum, quo Deus ligari potuit! Os laços do mundo são laços de morte, mas os de Deus são laços de vida e salvação — Vincula illius alligatura salutaris (Eclo 6, 31). Porquanto são vínculos de amor, e o amor nos une a Deus, nossa única e verdadeira vida.
Antes da vinda de Jesus Cristo, os homens separavam-se de Deus; aferrados à terra, recusavam unir-se ao seu Criador; mas o Senhor, cheio de ternura, os atraiu a si pelos laços de amor, como tinha prometido por Oseias: In funiculis Adam traham eos, in vinculis caritatis (Os 11, 4) — “Eu os atrairei com cordas de Adão, com os vínculos da caridade”. Estes laços são os seus benefícios: luzes, apelos ao seu amor, promessas do paraíso; mas é sobretudo o dom que nos fez de Jesus Cristo no sacrifício da cruz e no Sacramento do altar, e enfim, o dom do Espírito Santo. Por isso exclama o profeta: Solve vincula colli tui, captiva filia Sion (Is 52,
2) — “Rompe as cadeias de teu pescoço, filha cativa de Sião”. Ó alma, criada para o céu, desfaze-te dos laços da terra para te unires a Deus pelos laços do santo amor.
II. Caritatem habete, quod est vinculum perfectionis (CI 3, 14) — “Tende a caridade, que é o vínculo da perfeição”. O amor é um laço que reúne todas as virtudes, e torna a alma perfeita. Daí a seguinte palavra de Santo Agostinho: Ama, et fac quod vis — “Ama a Deus e faze o que queres”, porque quem ama a Deus tem cuidado de evitar tudo que causa desgosto ao objeto de seu amor e procura agradar-lhe em tudo.
Dulcíssimo Jesus, muito me haveis obrigado a amar-Vos; muito
Vos custou obter o meu amor. Ingratíssimo seria eu, se Vos amasse pouco, ou dividisse o meu coração entre Vós e as criaturas, depois que por mim derramastes vosso sangue e sacrificastes vossa vida! Quero desapegar-me de tudo, e pôr em Vós só todos os meus afetos. Muito fraco sou para executar esta resolução; Vós, que ma inspirais, dai-me a força de a cumprir.
Amadíssimo Jesus meu, feri meu pobre coração com a suave seta do vosso amor, para que não cesse de arder no desejo de Vos possuir e consumir-me de amor para convosco. A Vós procure sempre, a Vós só deseje, a Vós ache sempre. Ó meu Jesus, só a Vós quero e nada mais. Fazei com que eu repita sempre durante a minha vida, e sobretudo na hora da minha morte: Meu Jesus, só a Vós quero e nada mais. — Ó Maria, minha Mãe, fazei com que de hoje em diante eu não queira senão a Deus.
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