13 de junho de 2024

A SANTA COMUNHÃO NOS FAZ PERSEVERAR NA GRAÇA DIVINA

Meditação de Santo Afonso Maria de Ligório

Qui manducat meam carnem, et bibit meum sanguinem, habet vitam aeternam — “Quem come minha carne e bebe meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6, 55)
Sumário. Como o pão terrestre sustenta a vida do corpo, assim o pão celeste da Santíssima Eucaristia sustenta a vida da alma, fazendo-a perseverar na graça de Deus. Mais, é este o efeito principal do Santíssimo Sacramento: alimentar a caridade e comunicar à alma grande vigor para progredir na perfeição e resistir a todos os inimigos. Se, pois, desejas a graça preciosa da perseverança, resolve comungar frequentes vezes com as devidas disposições e nunca deixar de fazê-lo por qualquer negócio terrestre. Que negócio pode haver mais importante do que o da salvação eterna?
I. QUANDO JESUS VISITA uma alma pela santa comunhão, lhe traz todos os bens, todas as graças e especialmente a graça da santa perseverança. O efeito principal do Santíssimo Sacramento do altar é: alimentar com este sustento da vida a alma que O recebe, comunicando-lhe grande vigor para progredir na perfeição e resistir aos inimigos que desejam a nossa morte eterna. Por isso é que Jesus escondido no Sacramento se chama pão celeste: Ego sum panis vivus qui de coelo descendi (Jo 6, 51) — “Eu sou o pão vivo, que desci do céu”.
Como o pão terrestre sustenta a vida do corpo, assim este pão celeste sustenta a vida da alma, fazendo-a perseverar na graça de Deus. Com esta vantagem, porém: o pão material sustenta e prolonga a vida do corpo até certo ponto e detém a morte só por breve tempo; por muito que alguém se alimente, afinal há de morrer. Ao contrário, Jesus disse que, se a alma se alimentar devidamente com o pão eucarístico, viverá eternamente e nunca mais estará sujeita à morte espiritual, que consiste na perda da graça: “Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer, não morra” (Jo 6, 50).
Numa palavra, a comunhão, como nos ensina o santo Concílio de Trento, é a medicina que nos livra dos pecados veniais e nos preserva dos mortais.
E Inocêncio III acrescenta que, pela sua Paixão, Jesus Cristo nos livra dos pecados cometidos e pela Eucaristia dos que podemos cometer. Pelo que diz São Boaventura que os pecadores não se devem afastar da comunhão pela razão que forem pecadores; muito antes, por terem sido pecadores devem tomá-la com mais frequência; pois, quanto mais alguém se sente doente, tanto mais precisa de médico: Magis eget medico, quanto quis senserit se agrotum.
II. Se desejas obter a graça preciosa da perseverança e assegurar a tua salvação eterna, resolve-te a comungar as mais vezes que te for possível, conforme o conselho de teu diretor e a nunca deixar por causa de algum negócio terrestre. Lembra-te que não há negócio mais importante que o da salvação eterna. Se não pertences a uma ordem religiosa e vives no mundo, terás ainda mais precisão de te aproximar de Jesus Cristo, porque estás exposto a tentações mais graves e corres mais risco de cair.
Não basta, porém, só o comungar: se queres tirar proveito da comunhão, mister é que a recebas com as devidas disposições. São Luís Gonzaga empregava três dias em preparar-se para comungar e outros três dias para dar ações de graças ao Senhor; por isso é que se tornou santo.
Infeliz de mim, ó Senhor! Por que me queixo da minha fraqueza ao ver as minhas quedas tão frequentes? Como podia eu resistir aos assaltos do inferno, afastando-me de Vós, que sois a nossa fortaleza? Se me tivesse chegado mais à santa comunhão, não teria sucumbido tantas vezes diante de meus inimigos. Para o futuro não há de ser mais assim. In te, Domine, speravi, non confundar in aeternum (Sl 70, 1) — “Em ti, Senhor, esperei, não serei jamais confundido”. Não quero mais fiar-me em meus propósitos; a minha esperança sois Vós, meu Jesus; Vós me deveis dar a força para não recair no pecado. Eu sou fraco, mas pela santa comunhão me tornareis forte contra os meus inimigos.
Meu Jesus, perdoai-me todas as injúrias que Vos fiz e que agora detesto de toda a minha alma. Antes quero morrer do que tornar a ofender-Vos e pela vossa Paixão espero que me ajudarei a perseverar na vossa graça até a morte: Em ti, Senhor, esperei, não serei jamais confundido. — É o que com São Boaventura vos digo também, ó minha Mãe Maria: Senhora, em vós ponho todas as minhas esperanças e não serei jamais confundido.

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