24 de julho de 2024

CONDIÇÕES DA ORAÇÃO

Meditação de Santo Afonso Maria de Ligório. 

Petitis et non accipitis, eo quod male petatis — “Pedis e não recebeis, porque pedis mal” (Tg 4, 3)
Sumário. Muitas pessoas rezam e não obtêm nada, porque não pedem como convém. Para bem rezar é preciso, primeiro a humildade, porque Deus resiste aos soberbos. Em segundo lugar, é preciso a confiança, que nos faz esperar tudo pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima. Mas, sobretudo, é necessária a perseverança, pois que, para nosso bem, Deus alguma vez demora em atender e quer ser vencido pela nossa importunação. Têm as tuas orações sempre estes três requisitos?
I. MUITAS PESSOAS REZAM e não obtêm nada, porque não pedem como convém: Petitis et non accipitis, e o quod male petatis.
Para bem rezar é preciso, em primeiro lugar, a humildade. Deus resiste aos soberbos e não lhes atende os pedidos; mas dá a sua graça aos humildes (Tg 4, 6), e não deixa os seus pedidos sem os deferir. “A oração do que se humilha, penetrará as nuvens e não se retirará enquanto o Altíssimo não puser nela os olhos” (Eclo 35, 21). E isto acontece, ainda que a pessoa tenha sido anteriormente pecador, porquanto Deus não desprezará um coração contrito e humilhado (Sl 50, 19).
Em segundo lugar, é preciso a confiança, que nos faz esperar tudo pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima. Nullus speravit in Domino et confusus est (Eclo 2, 11) — “Ninguém esperou no Senhor e ficou confundido”. Ensina-nos Jesus Cristo mesmo que, quando tenhamos alguma graça a pedir, não o chamemos com outro nome, além do de Pai: Pater noster, a fim de que oremos com toda a confiança que é própria do filho para com o pai. O que pede com confiança obtém tudo. “Eu vos digo, assim fala o Senhor, que todas as coisas que pedirdes orando, crede que as recebereis, e ela vos acudirão” (Mc 11, 24).
E quem pode recear, pergunta Santo Agostinho, ser enganado no que foi prometido pela própria Verdade, que é Deus? A Escritura nos afiança que Deus não é como os homens, que prometem e depois faltam à palavra, ou porque mentem quando prometem, ou porque mudam de vontade. Dixit ergo, et non faciet? (Nm 23, 19). Santo Agostinho ainda acrescenta: Se o Senhor não nos quisesse conceder as graças, para que nos havia de exortar continuamente a pedir-lhas? Prometendo, contraiu a obrigação de nos dar as graças que lhe suplicarmos. Promittendo, debitorem se fecit.
II. O que importa sobretudo, é ter perseverança na oração. Diz Cornélio a Lápide que o Senhor “quer que sejamos perseverantes na oração até a importunação. E o que significam os textos seguintes da Escritura: É preciso orar sempre (Lc 18, 1); Vigiai sempre, orando (Lc 21, 36); Orai sem cessar (1Ts 5, 17). E o que significam ainda estas repetições: Pedi e recebereis; buscai e achareis; batei à porta e ela se vos abrirá (Lc 11, 9). Bastava ter dito: pedi, petite; mas o Senhor nos quis fazer compreender que devemos seguir o exemplo dos mendigos, que nunca deixam de pedir, de insistir e de bater à porta, enquanto não tenham recebido alguma esmola”.
A perseverança final, especialmente, é uma graça que se não obtém sem oração contínua. Nós não podemos merecer a perseverança, mas merecemo-la de algum modo, diz Santo Agostinho, por meio das orações. Rezemos, pois, sempre, e não deixemos de rezar, se nos quisermos salvar. Os confessores e os pregadores nunca deixem de exortar à oração, se quiserem que as almas se salvem; porquanto o que reza certamente se salva, e o que não reza certamente se condena.
Meu Deus, tenho confiança de que já me perdoastes; mas meus inimigos não deixarão de me combater até a morte. Se não me socorrerdes, sucumbirei de novo. Suplico-Vos, pelos merecimentos de Jesus Cristo, que me concedais a santa perseverança. Não permitais que me afaste de Vós. Peço-Vos o mesmo favor para todos os que estão atualmente na vossa graça. Confiado em vossas promessas, estou certo de que me dareis a perseverança, se continuar a pedi-la. Receio, porém, que nas tentações deixe de recorrer a Vós, e assim torne a cair no pecado. Peço-Vos, pois, a graça de nunca deixar de rezar. — Fazei que nas ocasiões perigosas me recomende sempre a Vós e chame em meu auxílio os santíssimos nomes de Jesus e Maria. E o que estou resolvido a fazer sempre, e espero fazê-lo pela vossa graça. Atendei-me pelo amor de Jesus Cristo. — Ó Maria, minha Mãe, fazei que nos perigos de perder o meu Deus sempre recorra a vós e a vosso Filho.

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